sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Argiope lobata

A Argiope lobata é uma espécie comum da aracnofauna portuguesa, que embora vistosa, devido aos tons prateados que exibe, passa muitas vezes despercebida por entre as ervas secas, onde constrói a sua complexa teia.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

A Argiope lobata é uma aranha de aspecto vistoso, que apresenta um acentuado dimorfismo sexual; enquanto as fêmeas atingem os 18-22 mm (comprimento do corpo sem apêndices), os machos atingem apenas 6-8 mm.

Fêmeas

Possuem um abdómen grande, visivelmente achatado dorso-ventralmente, com três ou quatro pares de lobos laterais (característica que lhe confere o nome lobata) e uma proeminência terminal posterior; a coloração é variável, e embora possa apresentar listas transversais alternadas pretas e amarelas, a mais comum é quase totalmente prateada. A carapaça está completamente coberta de pequenos pêlos cinzento-prateados e as patas, longas, são anilhadas de preto, com intensidade variável, consoante a fase de desenvolvimento do animal. A face ventral é fortemente salpicada de preto, amarelo e castanho-escuro.

Machos

Apresentam patas e carapaça semelhantes à fêmea, mas sem lobos visíveis no abdómen; este é pequeno, quase fusiforme, e totalmente prateado na face dorsal.

A teia é orbicular, grande, ligeiramente inclinada e com um espessamento (stablimentum) tipicamente em forma de ziguezague, variando entre indivíduos. A aranha encontra-se no centro, com as patas agrupadas duas a duas.

Não se confunde com nenhuma outra aranha em Portugal.


HABITAT E DISTRIBUIÇÃO

Esta é uma espécie mediterrânica, muito comum na Península Ibérica e é frequente encontrá-la em zonas de ervas altas, bem como em matos pouco densos, nos quais constrói a sua teia.

ALIMENTAÇÃO

Alimenta-se exclusivamente de insectos. A sua teia apresenta elevada resistência e elasticidade, sendo capaz de capturar grande variedade de presas.


REPRODUÇÃO

O ritual de acasalamento inicia-se quando o macho se aproxima da fêmea, realizando movimentos espasmódicos com as patas anteriores. A fêmea, ao aperceber-se da sua presença, mostra-se passiva, levantando um pouco o corpo. Entretanto, o macho caminha para debaixo da fêmea, adoptando uma posição “ventre com ventre”. De seguida, introduz os palpos (órgãos copuladores masculinos) alternadamente no epigíneo da fêmea. Após o acasalamento, o macho morre frequentemente, tanto quanto se sabe, não necessariamente por culpa da fêmea. Os ovos são depositados em ootecas de seda espessa que as fêmeas fixam nas ervas. A mãe nunca assiste ao nascimento das crias, pois morre antes. Deste modo, não existem cuidados parentais.

ACTIVIDADE

Estas aranhas chegam ao estado adulto no Verão e Outono. Permanecem activas durante o dia, dedicando-se à construção ou renovação da teia antes do amanhecer.


CURIOSIDADES

Apesar de não serem agressivas, esta espécie é frequentemente referida como “espécie de picada muito dolorosa” sendo, no entanto, considerada como inofensiva, pois não provoca danos graves ou permanentes.

Um hábito curioso consiste, quando sentem movimentos por perto ou quando são tocadas, em fazerem balouçar a teia. Este comportamento pode ter dupla função: na caça, aumenta a eficiência da teia, quer diminuindo o impacto, quer aumentando a superfície de contacto entre esta e a presa e como defesa, pois tornam-se mais difíceis de localizar e capturar.